logo RCN
COLUNA PAULO RAMOS DERENGOSKI

A Guerra

  • Divulgação -

A Guerra do Contestado - corria o ano de 1912 e muitas foram suas causas remotas e iniciais: aberrações sociais, patologia econômica, questões limítrofes entre estados, arrocho fiscal, surto messiânico, fanatismo religioso, disputas políticas provincianas, luta pela posse de terras, cobiça por pinheirais, açambarcamento de erva-mate, avanço de grupos estrangeiros, grilagem, ignorância, milenarismo, miséria...

Devido à falta da presença física da Igreja na região, o alimento espiritual daquele povo sempre fora fornecido pelos profetas, mandraqueiros, mágicos e benzedores que por ali viviam.

Dentre eles, destacou-se a figura patética de “São” João Maria (e os historiadores depois provariam ter existido mais de um João Maria), milagreiro e líder nato, venerada por populacho de Serra Acima. Mas foi um de seus discípulos mais ousados – José Maria – quem acendeu o pavio da guerra.

Barbudo, atarracado, cabeçudo, indiático, José Maria havia sido soldado raso da Polícia Militar do Paraná e não era um despreparado, embora trouxesse estampado (no facies e na fala) os traços característicos da paranoia. Não por acaso, seu livro de cabeceira – do qual nunca se separava – era “Carlos Magno e os Doze Pares de França”, donde tirava histórias fantásticas para contar e recontar aos caboclos embevecidos.

Depois de muito perambular pelo sertão, ele se estabeleceu nos campos do Irani e resolveu “proclamar a monarquia” nos sertões de Taquaruçu.

E o Estado do Paraná, que então cobiçava a região, logo embalou uma expedição militar que seria chefiada pelo Coronel João Gualberto, com ordens precisas para dispensar os fanáticos e trazê-los maneados um a um, para fazê-los desfilar nas ruas de Curitiba.

O choque armado que, em breve, iria se travar foi uma escaramuça quase. Um entrevero apenas. Uma pequena fagulha, se comparada com o vasto e incontrolável incêndio que durante quatro longos anos iria se alastrar pelos sertões do planalto em chamas.

A chamada “Guerra do Contestado” foi um dos episódios mais sangrentos da nossa história. Um saga à altura do grande massacre de Canudos, lá nos Sertões do Vaza Barris.

Mas que não teve, a descrevê-la, o talento de um Euclides da Cunha.



Livro A Sangrenta Guerra do Contestado – Jornalista Paulo Ramos Derengoski

Causas da Guerra Anterior

Causas da Guerra

Próximo

Os Sertões do Contestado

Deixe seu comentário