O bebê reborn da Yasmim e o divórcio da Virgínia Fonseca
No século XIX a história delas poderia ser diferente.
Nestas últimas semanas, uma notícia viralizou na internet: a mineira Yasmin Becker, de 17 anos, produtora de conteúdo para as redes sociais, levou às pressas um bebê realista de nome Bento para receber tratamento médico para a cura de uma febre. Ela conta que foi ao hospital visitar uma mãe que teve um bebê e percebeu que Bento, o bebê reborn dela, não “estava passando bem e precisava de atendimento.”
Se este mesmo fato tivesse acontecido no Brasil da metade do século XIX a repercussão seria outra, Yasmim seria tratada como “alienada ou louca mental” porque para a mentalidade daquela época, esse comportamento não seria aceito, se o problema fosse patológico, provavelmente, ela seria abandonada pela família em alguma viela de Janaúba, cidade natal da influencer.
Se ainda, no mesmo século, ela morasse na cidade do Rio de Janeiro, poderia estar em uma enfermaria na Santa Casa de Misericórdia ou confinada na Cadeia Pública. Com muita sorte, poderia ser levada ao Hospício de Alienados Pedro II, que esteve em atividade por 169 anos e foi fechado em 2021.
Outro acontecimento que viralizou nas redes sociais foi o fim do relacionamento da influencer Virgínia Fonseca com o cantor Zé Felipe, aparentemente, um casal feliz que acumulou ao longo da união uma pequena fortuna de meio milhão de reais, incluindo mansões, carros de luxo e um avião. Ela também recebia 30% em um negócio de apostas mais R$ 50 milhões pela assinatura do contrato.
Se o divórcio da influencer tivesse acontecido no século XIX, ele não poderia ser realizado devido às leis brasileiras da época que impediam a dissolução do vínculo conjugal entre homem e mulher, exceto pelas normas eclesiásticas da igreja católica com várias ressalvas, não seria permitido o fim do matrimônio. Naquela época, não havia a possibilidade para mulher ter um segundo ou terceiro marido, era quase impossível, a mulher divorciada não era bem vista pela sociedade à época, carregava os estigmas de leviandade, imaturidade e irresponsabilidade com a família.
Ao contrário da mulher do século XIX, a mulher atual não carrega mais o defeito moral por estar separada, pelo contrário, o divórcio é socialmente aceito, é permitido o fim do vínculo conjugal entre marido e mulher. Virgínia e Zé Felipe dividiram opiniões, alguns acreditam ser uma jogada de marketing, outras pessoas não aceitaram o fim do relacionamento e muitos apoiaram a decisão do casal em continuar uma amizade por respeito aos filhos.
Voltando ao caso da Yasmin, dizem os especialistas que dar afeto e demonstração de cuidado para um boneco de silicone pode ser perigoso, porque dependendo da pessoa, isso pode ultrapassar o efeito terapêutico-educativo para o patológico. No caso da Virgínia e do ex-marido, se não houver um acordo, eles enfrentarão uma batalha na justiça, tanto pelo dinheiro como pela guarda dos filhos.
A capacidade de influenciar pessoas por meio das mídias sociais é algo que elas têm em comum. Yasmin criou a personagem da mãe adolescente e tem mais de 10 mil seguidores no TikTok. Hoje, ela gira a economia do país e tornou o hobby de colecionar bebês reborn em uma profissão lucrativa. De outro lado, a Virgínia faz o tipo de mulher empreendedora e que fatura alguns milhões de reais com publicidade e jogos online, isso faz delas as protagonistas da nova economia de mercado.
